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sexta-feira, 18 junho 2021 14:07

Os refugiados são quem paga o preço mais alto da Pandemia

Em antevisão do Dia Mundial do Refugiado a 20 de junho, a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) alerta para  a situação dos refugiados que enfrentam sérias dificuldades humanitárias, agravadas pela COVID 19.

Jagan Chapagain, Secretário Geral da FICV, partilha: “Grupos vulneráveis, como refugiados, estão a pagar o preço mais alto desta Pandemia. Observamos situações alarmantes  que mostram que muitos refugiados em todo o mundo não têm como pagar a comida ou a renda e lutam para ter acesso a cuidados de saúde e à educação. Os refugiados foram desproporcionalmente afetados pelo impacto da Pandemia e muitas vezes foram deixados de fora das medidas de apoio socioeconómico. Um grande número de refugiados perdeu as suas fontes de rendimento ou esgotou as suas economias e agora , adotam estratégias negativas para sobreviverem".

Em Bangladesh, a última análise feita em campos de refugiados em Cox's Bazar pelo Crescente Vermelho de Bangladesh - com o apoio da FICV - revela que as comunidades lutam para garantir a satisfação das necessidades básicas, especialmente devido a restrições de mobilidade relacionadas com a COVID-19, problemas de saúde, acesso restrito aos mercados e, recentemente, um grande incêndio que deflagrou nos campos.

Os aumentos de preços nos mercados locais e novos deslocamentos causados ​​por incêndios levaram muitas famílias a situações de carência alimentar. Entre abril e maio, cerca de 30.000 refugiados nos campos de Cox's Bazar apresentaram questões e preocupações, com 63% a procurar serviços, incluindo ajuda alimentar urgente e abrigo. Perto de um terço (37%) solicitou assistência médica ou de saúde.

No ano passado, a presença reduzida de organizações humanitárias nos campos devido às restrições da COVID-19 também gerou um aumento no trabalho infantil, violência sexual e de género e aumento do risco de tráfico humano. Além disso, um aumento no número de casamentos infantis foi observado desde o início da Pandemia, muitas vezes visto como uma alternativa à educação ou ao trabalho.

Na Colômbia, o encerramento de fronteiras, as restrições às deslocações e a perda de meios de subsistência levaram a um acesso limitado à comida e abrigo, com muitos refugiados e migrantes - a maioria deles venezuelanos – alimentado-se apenas uma vez por dia. 18% dos entrevistados pelo Laboratório de Migração Global da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho citaram a segurança alimentar e a desnutrição como os maiores riscos para as crianças durante a Pandemia.

Na Turquia, um estudo recente - conduzido pelo Crescente Vermelho Turco e a FICV - indica que, entre as 4 500 famílias de refugiados inquiridas, os níveis de dívida aumentaram quase 50% no último ano. Ainda mais alarmante é o facto de que muitas famílias terem dificuldade ou não conseguirem pagar o que mais precisam, como a alimentação (72%) e abrigo(66%). No entanto, a assistência em dinheiro fornecida pela Rede de Segurança Social de Emergência (ESSN), financiada pela UE, está ajudar os refugiados a cobrir alguns destes custos.

Para fazer frente às consequências da Pandemia, os refugiados estão cada vez mais a adotar estratégias de sobrevivência, como reduzir o consumo de alimentos, comprar alimentos mais baratos e menos nutritivos, comprar alimentos a crédito e pedir dinheiro emprestado a parentes e amigos. Estas estratégias têm consequências negativas para a saúde e o bem-estar e contribuem para níveis preocupantes de insegurança alimentar e o aumento de dívidas.

Ninguém deve ser obrigado a escolher entre dar comida à família ou pagar a renda; nem enfrentar a fome ou despejos forçados ”, disse Jagan Chapagain. “Os governos devem trabalhar em conjunto com doadores, organizações internacionais e multilaterais, setor privado e sociedade civil para mitigar efetivamente o impacto negativo da Pandemia em grupos vulneráveis, como refugiados e migrantes. É nossa a responsabilidade compartilhada de garantir que todos possam satisfazer asa suas necessidades mais básicas”.


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